sexta-feira, 18 de junho de 2010

Traição

Depois de dez meses passados na agonia a tentar esquecer um passado recente, um grande amor, eis que apareces tu na minha vida. Apareces num campo que não aquele em que já nos conheciamos. Surpresa boa!
Surpresa boa?! Que estou eu para aqui a dizer??! Em dez meses de vazio na minha vida nunca passei tal humilhação devido às feridas que deixaste no meu coração, depois daquela noite onde senti nojo e repugnância de ti.
Num mês e poucos dias corridos pensei ter encontrado uma fonte nova de vida... Mas tudo foi em vão. Conheço eu, hoje, uma pessoa que não foi aquela que conheci à tempos atrás.
Da alegria, passando pela simpatia e acabando na ternura, hoje és cinzento carregado, com ar imensamente pesado. És desilusão, solidão, és um fracasso...
Culpo-me copiosamente por não ter feito aquilo que deveria ter sido feito na altura em que me espetaste essas quatro facadas no coração... profundas, sangrentas, impiedosas.
As incertezas e desconfianças de hoje, são pela tua falta de respeito, de carácter, de personalidade. Falta-te tudo aquilo que cegamente gostarias de ter... Falta-te aquilo que julguei que tinhas quando nos envolvemos... Falta-te sobretudo CORAGEM! É isso que define os grandes Homens hoje em dia. Coragem para dar um NÃO quando tem que ser dado... Coragem para assumir responsabilidades quando têm que ser assumidas... Coragem para enfrentar a vida com os obstáculos permanentes que esta nos vai impondo.
Apesar de tudo, cresci!
Sei que enquanto viver, pessoas com esse falso aparato, com essa capa quase invisível, eu não quero mais. Não quero, porque estou habituado ao genuíno, ao terra-a-terra, à sinceridade.
Dói! Dói sim, porque amo alguém que não existe. Alguém que possivelmente não será feliz com outro alguém. Será habituada a viver uma vida de espinhos, de amargura, de desilusão, para sentir na pele o dissabor que é o não ser amada nem conseguir amar.
O amor chega àqueles que sentem, que têm coração, que pensam nos outros não como objecto mas sim como ser humano. O amor chega a quem é autêntico, a quem tem fibra, a quem tem personalidade e força de vontade para poder seguir enfrente.
Estás num patamar inatingível... Onde não chega o amor, a paz interior nem a coragem. Estás onde deves estar, num gelo profundo, no escuro, no vazio dos teus sentimentos.
Depois de te ter amado mais do que a mim próprio, a tua consciência ficará pesada, destruída, amargurada por aquilo que me fizeste passar... Pois assim eu farei para que te lembres sempre que possível.

Filipe Tiago Araújo, 22:13