sexta-feira, 20 de março de 2015

Carta da Despedida

E tudo teve que terminar onde se iniciou... no nosso lugar, junto ao mar. Sem o brilho nos olhos de outros tempos, nos teus olhos.
Revivemos histórias e memórias no silêncio da noite. A mesma noite que nos acolheu no 1º dia, que nos abençoou ao primeiro toque das nossas bocas... suaves, tímidas e apaixonadas.
Esta vez foi muito diferente das outras vezes. Esta vez foi a vez da despedida daquilo que podia ter sido perfeito no meio de tanta imperfeição. Sem nenhuma palavra dita e no silêncio do vazio da "nossa casa", tocavam músicas que mexiam no teu profundo "Eu" e te fizeram chorar... mantive a minha postura forte, pensando tu, talvez, que fosse até frio, mas não! Não podia desmoronar na tua presença, embora - por dentro - estivesse em cacos, completamente destruído.
Tentei sempre dar-te um sorriso, de que tudo estava bem mesmo no meio da lama, mas na verdade nada poderia estar pior, ambos temos a perceção disso. Enquanto choravas "à vista desarmada", eu chorava por dentro... aguentar uma dor insuportável do coração e tentar sorrir para não te ver chorar, não é para todos.
Todo este desenrolar de situações é culpa minha, mas não só! É culpa daqueles que opinam mais do que aquilo que deveriam opinar. É culpa tua por não te ouvires a ti mesmo e por não teres força para enfrentar o "touro pelos cornos"... é culpa de todos mas quem fica a perder somos nós dois.
Na minha filosofia, os que se sentem sós acabam por querer arrastar os que estão felizes para a solidão a que lhes pertence, tentando - os sós - serem felizes pelo simples facto de já não estarem tão... sós! Tal coisa só é possível porque os manipuláveis são isso mesmo, manipuláveis... e umas frases dum suposto "abre-olhos" torna-se numa lavagem cerebral a quem tinha tudo para tornar os sós, cada vez mais sós.
Continuando a dar importância a quem a tem, a ti, quando senti o roncar do teu carro lá ao longe desfiz-me em pedaços, sendo agora um puzzle difícil de montar. O chão fugiu-me dos pés e o céu caiu-me em cima, talvez porque um mal nunca vem só.
Sei que um dia vais dar valor ao que perdeste, assim como eu dou ao que perdi... e então aí vais pedir-me as mais de 1000 desculpas por me teres deixado, assim como eu te pedi as mais de 1000 desculpas das vezes que falhei contigo.
Ontem, deixei-te ir com a consciência leve, fazendo-te acreditar que estava esclarecido quanto ao motivo da tua decisão em me deixares, mas só o fiz para poderes viajar em paz... porque a desculpa que me deste continua a não fazer sentido depois de tudo estar resolvido. Continuo a acreditar na forte hipótese de que - em como qualquer bom filme - existe um ator secundário que quer roubar o papel principal a quem está a brilhar e, já não é a primeira vez que acontece, lembre-se... amizades terminaram por menos. Cada um deve saber qual é o seu lugar e, por mais amigos que haja, uma relação vive-se a dois e não a três.

Continuo a amar-te, é certo... mas também sei que poderás amar outro homem e ele até poderá amar-te mais do que eu a ti, mas jamais o amarás como me amaste a mim.

Com amor,

Filipe Tiago Araújo

19.03.2015, 03:55h 

sexta-feira, 6 de março de 2015

Com... fiança!

A arte de confiar não é para todos! Na verdade, até os desconfiados confiam na sua mais profunda desconfiança.
Acho que confiar é algo com... fiança. Nós dá-mo-nos a conhecer com a fiança de confiar a quem nos escuta. Sim, porque nem todos escutam... poucos são aqueles que o fazem, só ouvem. E quem ouve não é para confiar porque, até o mais genuíno e ingénuo dos ingénuos desconfia de quem apenas ouve.
Sempre escutei quem na verdade quis escutar... Dei confiança, com fiança, porque acreditei, porque acredito e só tirarei a fiança quando houver motivos para desconfiar. Até lá, segue o sentimento, a amizade na mais pura essência.
Quando alguém - a última pessoa que esperarias - te diz que não confia em ti, como reagirias? Não reagirias, fácil!
O silêncio do desalento é incómodo, rasga como se de uma faca te apunhalasse pelas costas, de forma violenta e impiedosa.
Os motivos da fiança me ter sido tirada, nunca saberei... será sem fiança desde aqui para a frente, porque não posso dar-me a conhecer ou entregar-me a quem só me ouve e que, pelos vistos, nunca me escutou.
É uma nova realidade, da qual tentarei lidar com a maior frieza e distância, em estilo de adaptação.
Sem fiança, confiando SEMPRE a quem nos ouve. Com fiança, confiando SEMPRE a quem nos escuta.
Sabendo estas diferenças, é meio caminho andado para percebermos em quem devemos confiar.

Filipe Tiago Araújo, 06.03.2015