segunda-feira, 11 de abril de 2016

Noites de insonia


Esta é mais uma noite sem dormir...

Quando tu cais é assim que fico, eu, como muitos. Pode até já nem contar para nada... pode até ser a feijões, quando derrapas e tombas, tombas com estrondo.
Por muito que não te queira ajudar, porque me sinto triste, revoltado, impotente e incrédulo, a minha mão - por pouca força que tenha - estender-se-á sempre, para te agarrar e te puxar para cima.
Podes estar coberto de lama, do tropeção e da queda, mas por mais sujo que estejas há sempre alguém que te vai fazer reerguer, pôr-te a caminhar, correr e lutar.


Hoje, como te disse - e tal como a semana passada - o sono não vem tão cedo... pensando no que falhou, no que te fez cair e da maneira como caíste.

Contudo, não posso esquecer o que já me deste e o que, certamente, me darás no futuro. Muitas alegrias, lágrimas de felicidade, alguns dissabores (mas poucos) e muito orgulho naquilo que te tornaste.

Ajoelhei, aos prantos, em Sevilha quando o Derlei fez o 3º e nos fez levantar a Taça UEFA, em 2003. Gritei de alegria até a voz me falhar quando soou o apito final da Liga dos Campeões em 2004 e vi o Jorge Costa e o Vítor Baía a erguerem o "caneco", mas antes de tudo isso, no 2-0 (golo do Mágico Deco), o saudoso Jorge Perestrelo (TSF), disse: "...que bonito é, que bonito! Que bonito! As bandeiras estão desfraldadas ao vento... Nós queremos agradecer aos deuses do futebol, esta felicidade, que nos enche a alma, que põe um país parado, um país emocionado... é golo do Porto!", escrevê-lo é banal, ouvi-lo é arrepiante.
O minuto '92, bem... esse é indescritível! Desta vez, não ajoelhei, foi Jesus... mas chorei e chorei muito! Orgulho do remate do Kelvin bem no cantinho da rede, mas também pela garra, a entrega, a vontade de ganhar a que sempre me habituaste. Chorei, em delírio, a gritar bem alto e euforicamente em bom portuense: "Puartoooo! Puartooo! Puartooo!" ... vezes sem conta, longos minutos e orgulhosamente chorão, até ao final desse jogo que nos deu mais um título, frente ao eterno rival.
Antes, no tempo do "Jaime" - "... diz ao teu pai que lhe mando um beijo, foi o que ela disse!" - Rui Veloso dizia que era "voar como o Jardel sobre os centrais", mas em 2011 quem voou foi Falcao, em Dublin, para o único tento que nos levou à glória na Liga Europa. Aqui, como em todas as outras vezes, fui-te receber, de cachecol em punho, cantando por ti, contigo sempre até ao fim.
Ficam as boas memórias... ficam grandes memórias mesmo!
Hoje vejo-te triste, desalentado, sem a força e a garra de outros tempos. Mas por mais doente que estejas, por mais debilitado que te sintas, a verdade é apenas uma: NUNCA CAMINHARÁS SOZINHO! Se vais ao fundo do poço, eu mergulho e vou-te salvar ou fico lá contigo. És mais do que um clube, és uma razão de ser e de estar... ÉS PORTO! SOMOS PORTO! 

Filipe Tiago Araújo, 11.04.2016