Vivemos muitos anos e, quanto mais vivemos, mais memórias ficam na nossa cabeça. Vivemos de memórias e da memória... Temos sempre histórias para contar, outras vidas para viver, vivendo o passado, o presente e a pensar já no futuro.
Fica a pergunta: E se um dia a nossa memória se apagasse?
Certamente não seria o fim do mundo... mas seria viver desumanamente, sem saber quem somos, o que fazemos aqui e outras tantas perguntas que ficariam sempre sem resposta pela ausência do pedacinho que nos mexe com as emoções e não, não é o coração... chama-se memória.
Ter vivido toda uma vida, tenha ela sido feliz ou não, e de nada ou muito pouco nos lembrarmos é sôfrego, triste e reduz-nos àquilo que todos somos, NADA!
Não é por estarmos em meados do dia de S. Valentim, de todo, mas nunca se esqueçam de viver um dia de cada vez... como se fosse o último. Amam quem vos ama, cometam as maiores loucuras e sejam felizes, porque de um dia para outro podemos não saber quem está ao nosso lado, quem tanto amamos e por aquilo que sempre lutamos. Não basta viver apenas, temos que, sobretudo, sentir!
Sentir o quanto e aquilo que a vida nos dá.
Viver na ausência da memória é o mesmo que estar em modo vegetativo, no vazio do tempo, parados na solidão e da confusão de quem somos e onde estamos, para onde vamos... Não sei se se sofre mas sei que um dia Amália Rodrigues fez do silêncio um grito e creio ser esse mesmo grito que faz doer todo um corpo que não passa disso mesmo... um corpo, apenas um corpo.
Deslizar um lágrima pela face sem sabermos o porquê, rir sem sabermos de quê e pensar é impensável na ausência do que nos faz viver para além dos batimentos do coração... a memória.
Filipe Tiago Araújo, 11.02.2016