sexta-feira, 22 de julho de 2016

O Grito duma Nação!

Portugal,10 de Julho de 2016...


A cidade de Valença do Minho desperta bem cedo e um longo dia se avizinha. Manhã de sol, dia bonito e a leve brisa conduz-nos até Bragança... Trás-os-Montes, onde o dia se inicia bem quentinho e o vento fraco nos leva até Braga, passando por Guimarães, correndo por Vila Real, Guarda e a tarde vai-se instalando e com ela já um pouco de ansiedade de um dia importante.

Almoçamos no Porto, comemos a sobremesa em Aveiro, passeamos por Coimbra e Castelo Branco, sem nunca esquecer Mirandela e Vilar Formoso... A tarde vai passando a velocidade de um relâmpago e, num ápice, estamos a lanchar em Lisboa. 
Com bastante pressa, vamos a Évora, corremos Beja e a voar estamos em Faro a petiscar algo. São 20h e à hora do apito inicial, encontramos-nos em Vila Real de Stº António, com o pensamento na Madeira e nos Açores, que lá ao longe, já roíam as unhas como todo um continente.

Um país parado, onde até os ladrões fizeram pausa durante 120 minutos, para ver o orgulho nacional a guerrear como se da batalha de Aljubarrota se tratasse! 
Na noite que tinha que ser nossa, fazia-se dia em Timor, a tempo de ver as lágrimas de ouro do nosso capitão que sairia do campo de batalha muito cedo... Paramos! Paramos todos! 11 milhões e mais alguns... quase que "deitamos a toalha ao chão" e, aquele dia que começou lindo em Valença e terminava em Vila Real de Stº António com muita esperança, parecia desvanecer-se com a dor no joelho do Cristiano.

Eles, lá bem distante, tinham os canhões todos apontados ao nosso Patrício que, valente e quase imortal, ia segurando as bombas com as mãos de ferro.
Raphäel, o verdadeiro Guerreiro, lançou um rocket que fez mossa no travessão do Lloris, o napoleónico capitão gaulês. A terra estremeceu! Foram mais de 11 milhões aos pulos, mas era falso alarme.
Aguentamos e aguentamos... O que eles não sabiam é que, mesmo sem o nosso Comandante, nós tínhamos uma arma secreta, daquelas que mais ninguém tem! O Patinho Feio, com a força de Eusébio, Camões e Amália e também de todos nós, disparou a bala mais importante da vida de todos nós e, para além de aniquilar o inimigo, fez explodir de alegria um país inteiro. "Éder! Éder! Éder!", era o som das vozes da RTP, Antena 1, TSF e Renascença... O grito mais lusitano de sempre! As lágrimas mais puras que há na vida e o sentimento mais belo do mundo... o de ser português!
Choramos abraçados ao desconhecido "conhecidamente" português que estava ao nosso lado a ver a bola... Chorou Valença, a roçar a Espanha, chorou Mirandela, Vilar Formoso, Odemira, Vila Real de Stº António, Açores, Madeira e um país inteiro que encheu praças, alamedas e avenidas... chorou Paris, Díli, Macau, Canadá, Suiça, Luxemburgo, Alemanha, EUA e desconfio que até no Bangladesh se derramaram as lágrimas da felicidade e de Portugal... em qualquer sítio onde haja um português, a festa era garantida!
Festejaram os que nos tiram tudo diariamente, desde o BE ao CDS/PP, os médicos nas urgências, a PSP, GNR, os ladrões, os advogados (vai dar quase ao mesmo), os reclusos, os padeiros, pasteleiros, lixeiros, empresários, desempregados, pretos, brancos, ciganos... tudo o que é e se sente português, tocou o céu.

10 de Julho de 2016, data que fica para a história... Portugal é Campeão da Europa de futebol!
Obrigado, muito obrigado!




Filipe Tiago Araújo