quarta-feira, 22 de abril de 2020

Monólogo de pensamentos

Se a saudade fosse uma lança, por certo, já teria trespassado o meu corpo e ter-me-ia sacado a alma para um lugar bem longe daqui. Talvez aí, eu te encontrasse!
Vivemos dias difíceis... A guerra, hoje, já não se combate com armas de fogo. A arma é a mesma que o escudo, agora... é humano.
Não há arma melhor para esta guerra do que a nossa proteção e, por isso, a arma e o escudo somos cada um de nós.
Falei-te em saudade, essa que nunca se desvaneceu desde aquele dia de Janeiro de 2013.
As televisões mostram o drama que se vive... os hospitais são a "nossa casa" agora! Quando nos entram pelos olhos dentro, imagino sempre como terá sido para ti, teres ficado sozinho nas últimas horas... que aperto no coração.
Máquinas e mais máquinas, tubos, cabos, o caos e a vulnerabilidade do ser humano, resumido àquilo que somos... NADA!
Os tempos são de introspeção, de reflexão e de mudança... já nada será como antes.
O país e o mundo, em suspenso... não se discute futebol, não se discute política , não se discute justiça. Tudo do que se fala neste momento são as perdas de vidas humanas.
Por estes dias, conhecemos o vizinho do lado e o da frente, porque ele veio cantar à janela ou veio dar ânimo aos que estão fechados em casa, a cuidar deles próprios e dos outros.
São momentos e dias novos, avô... e como eu gostava que estivesses aqui.

Saudade...

Filipe Tiago Araújo, 22.04.2020