quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A Grande Entrevista...

A felicidade resume-se, muitas vezes, a escassos momentos sendo eles ,horas, minutos, dias, meses, anos ou até uma vida.
Hoje liguei a televisão... os programas da tarde falam todos de histórias tristes, bem sucedidas ou homenagens. Tive azar! Hoje, precisamente quando eu liguei a televisão para me inteirar do que passa no país e no mundo, fiz zapping e parei num canal que falava sobre alguém que já não sabia o que era sorrir à muito tempo... que já não recordava os tempos de quando era feliz.
Hoje liguei a televisão e vi a felicidade nas lágrimas de alguém, durante 40 minutos, aproximadamente. O viver, o reviver de memórias recentes e transatas fizeram desse alguém uma pessoa feliz e diferente nesses 40 minutos.
40 minutos... Pfff! E só de saber que existe felicidade eterna para alguns, prolongada para outros e de tempo limitado para muitos, faz-me pensar em qual delas eu me incluo.
Faz-me viajar pelo passado e ver como tudo, contigo, era ilimitado e ao mesmo tempo real! O relógio não tinha ponteiros, as horas não se contavam, o passar do tempo era notado porque fazia dia e noite... mas apesar de não ter como contar o tempo, esse mesmo (o tempo) era pouco para estar contigo. Tinhamos tanto amor para dar um ao outro... (e agora suspiro).
A esse alguém, que vi hoje a chorar de felicidade, em êxtase, com nostalgia e dor de perda, num misto de sentimentos puros e profundos, invejo-o. Porquê?... porque se lembraram de fazer esse alguém feliz, para todo o país ver e até no estrangeiro!
E tantas vezes tentei gritar ao mundo que te amava e o feedback foi a banalidade dum mundo surdo e que fecha os olhos a uma "coisa" comum de nome Amor. Mas nunca foi um amor qualquer, desses muitos amores que andam por aí... nunca foi de comodismo, de oportunismo nem de solidão! Foi um amor genuíno, de duas pessoas que paravam o relógio mas não os dias para estarem juntos... Foi um amor de verdade. Um amor de verdades, de traições, de amizade, de lágrimas, de relações intensas, de um corpo-a-corpo!
Era um amor de eternidade, passou a um amor de carinho e por fim apagou-se a chama e hoje é um amor inexistente.
Hoje liguei a televisão e vi-me num programa que nunca foi meu, a viver emoções que também já foram minhas e a chorar de nostálgia e de saudade daquilo que fui, daquilo que fomos e que hoje não existe!
Hoje liguei a televisão e vi-te! Sim, é verdade por mais louco que pareça. A televisão da minha memória está sintonizada apenas num canal, aquele em que tu entras na minha cabeça todos os dias no mesmo horário... 24 horas sobre 24 horas!
Hoje liguei a televisão da minha memória para interromper as recordações de ti e para fazer o meu próprio programa no qual a minha audiência é apenas o silêncio do meu quarto.

Hoje, desliguei a televisão... Prometi a mim mesmo nunca mais a ligar!


Filipe Tiago Araújo

Sem comentários: