quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Indefinições II

De cinzento veste-se o céu...
Gris como a minha alma
Num corpo que não sou eu,
Numa personagem de trama.


Como cai a chuva lá fora,
À velocidade duma lágrima minha.
Que faço eu aqui e agora?
Se nenhum desejo eu tinha!


O frio entranha-se nos ossos.
Nesses que não quis para mim,
Da carne que me faz tão vossos
De algo que não escolhi, ainda assim.


Tudo se resume à vida...
Ou talvez a este inverno.
Viagem sem retorno, só ida,
Mais tarde vemo-nos no Inferno.


Acompanhado mas sempre sozinho,
Neste trilho sem rumo.
Nos olhos... a falta do brilhozinho,
Envoltos numa nuvem de fumo.


Negro como a noite escura
Está o pensamento
Repleto duma grande loucura
Num buraco sem sentimento.


Nada parece fazer sentido,
Neste confuso mundo.
Tudo parece adquirido,
Não passando dum poço sem fundo.


Filipe Tiago Araújo, 02.02.2015