quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Pontos de situação

Pelas diferentes etapas da vida, ao longo do tempo, vamos percebendo que existem diferentes pontos no caminho percorrido... Pontos de vista, pontos de encontro, pontos de partida, pontos de interesse, pontos fortes, pontos fracos e pontos de interrogação e exclamação, entre outros.

A vida parece simples... É nascer, viver e morrer. Uma simplicidade aparente. Nascer tem a sua dor, o seu sacrifício, todo um caminho novo a percorrer. Morrer é penoso, uma dor diferente, todo um caminho percorrido e o que faltou percorrer. Creio que o pior e mais difícil seja mesmo viver! Existe todo um misto de sensações, experiências... E é aí que nos levo por onde comecei, a todos os pontos. 

A vida é um ponto de encontro, por si só. Encontro com o desconhecido, com o novo e com um único ponto de ligação, a morte, o fim de tudo, o ponto final. 

Não deixa de ser um ponto de partida, rumo ao lugar onde começam todos os sonhos, todos os enlaces, todos os pesadelos, toda uma vida. 

Um ponto frequente, é o de interrogação... Dos porquês? Da dúvida, da desconfiança. 

O mundo deveria ser um lugar feliz, para usufruir da curta passagem que temos por ele. Não sei se haverão novas vidas, se houve outras tantas?! Do que conheço, é que existe aquela que nos lembramos. Contudo, passamos tormentas, bonanças e esperança. Passamos intermitências, exclamações e reticências.

Uma relação é feita disso? Não sei... Acho que deixei de saber... Perdi o ponto de partida, o ponto de vista e já nem do ponto de encontro eu sei. Perdi certezas, perdi o rumo, sem nunca perder o tempo. O tempo é precioso! 

Há um ponto de interesse... Há?! Espero que haja. Senão nenhum ponto, até agora, faria sentido. 

Existe o cansaço? Existe a dúvida? Existe a rutura? Existe o futuro? Ou existe um ponto final no meu de tanto ponto de interrogação?! 

O futuro, a Deus pertence, dizem as vozes sábias dos que já percorreram mais de metade do caminho. 

Neste momento, os únicos pontos que me escapam, são os pontos cardeais. Terei perdido o norte?! Ou terei chegado ao destino?


Filipe Tiago Araújo, 30.09.2020

sexta-feira, 26 de junho de 2020

CO(m)VID(a) - 19


Talvez o mundo esteja cansado dos sorrisos... das palavras ocas... do ruído... da hipocrisia e outras coisas mais.
Obrigou-nos a falar com os olhos, a sorrir com eles e a descobrir a ver a alma dos outros. A ouvir silêncios, a ler pensamentos, a reensinar a viver.
Ficamos em suspenso... fechou-se a movida, fechou-se a cidade, o mundo encolheu, a vida ensinou-nos a parar para refletir.
Tapamos a cara... a respiração é controlada, a tosse assusta, o espirro acelera-nos, a temperatura aquece e ficamos em casa, com o slogan no pensamento de que "Vai ficar tudo bem!".
Vivemos para poder contar.
Reduzidos a nada, combatendo o desconhecido, os sistemas vulneráveis e novos heróis - de máscara mas não sendo o Batman - os Profissionais de Saúde... Um Obrigado! a todos eles.
Nova realidade, sonhos antigos e um mundo pendente duma cura.
Esta é a vida, o seu significado e a reduzir-nos à nossa insignificância.

Filipe Tiago Araújo, 26.06.2020

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Monólogo de pensamentos

Se a saudade fosse uma lança, por certo, já teria trespassado o meu corpo e ter-me-ia sacado a alma para um lugar bem longe daqui. Talvez aí, eu te encontrasse!
Vivemos dias difíceis... A guerra, hoje, já não se combate com armas de fogo. A arma é a mesma que o escudo, agora... é humano.
Não há arma melhor para esta guerra do que a nossa proteção e, por isso, a arma e o escudo somos cada um de nós.
Falei-te em saudade, essa que nunca se desvaneceu desde aquele dia de Janeiro de 2013.
As televisões mostram o drama que se vive... os hospitais são a "nossa casa" agora! Quando nos entram pelos olhos dentro, imagino sempre como terá sido para ti, teres ficado sozinho nas últimas horas... que aperto no coração.
Máquinas e mais máquinas, tubos, cabos, o caos e a vulnerabilidade do ser humano, resumido àquilo que somos... NADA!
Os tempos são de introspeção, de reflexão e de mudança... já nada será como antes.
O país e o mundo, em suspenso... não se discute futebol, não se discute política , não se discute justiça. Tudo do que se fala neste momento são as perdas de vidas humanas.
Por estes dias, conhecemos o vizinho do lado e o da frente, porque ele veio cantar à janela ou veio dar ânimo aos que estão fechados em casa, a cuidar deles próprios e dos outros.
São momentos e dias novos, avô... e como eu gostava que estivesses aqui.

Saudade...

Filipe Tiago Araújo, 22.04.2020 

terça-feira, 17 de março de 2020

Celebrar a vida

Essa força natural - de pouca natureza - de escrever, consome-me.
O tempo levou-me as palavras tristes que o meu coração implorava para escrever. Contudo, nem sempre de vazio se enche a alma... O coração iluminou-se, na alma fez-se luz branca... de paz, de felicidade, esperança e trilho.
Nasceu sol na escuridão, no percurso cinzento que o rumo da vida escolheu para mim. Alguns, chamam-lhe destino, eu chamo-lhe a minha fé.
Colmata-se - com a ausência dos que partiram - de coração cheio aqueles que vêm de novo, que vêm de bem e para o bem.
A vida é feita de incertezas, sendo a única certeza a morte. Enquanto ela não chega, esperando eu que venha muito tarde, usufruo do seu brilho, do amor que cultivamos, do amor que tu me dás.
No dia em que Portugal ganhou todas as Nações, a 9 de Junho de 2019, na cidade do Porto... Essa cidade que tanto amo e sinto... devolveu-me o amor.
O Porto é, de facto, a cidade de todos os sonhos e todos os encontros... e o meu, fez-se contigo! Jardins do Palácio afora, ruas despidas de gente, de olhos postos nos ecrãs e nós a caminhar para a felicidade, num dia que se tornou épico por tudo o que o envolveu.
Entretanto, passaram nove meses...
Estamos cá, de pedra e cal. Pelo meio, alguns dissabores... a perda, o romper de laços e agora os dias que estão a mudar as nossas vidas, por esta pandemia.
Estamos cá para viver estes novos tempos de mudança que estão a fazer com que a vida seja vista com outros olhos... e isso, estamos a viver juntos e juntos assim será para o futuro.

Filipe Tiago Araújo, 17.03.2020