Eles são dois estranhos que se conhecem melhor do que ninguém.
Mas são dois estranhos... Que perderam o toque, o carinho, o olhar brilhante, o afeto, a magia.
São dois estranhos que se conhecem tão bem que não tocam em assuntos que sabem onde vão acabar.
Preferem o silêncio, o agir naturalmente, quando de natural não há nada... Fica a incerteza se ainda se amam?! Fica a dúvida dos porquês! Que será que fiz? Que será que disse? Já não me deseja? Pior! Já não me ama?
São dois estranhos que dividem o mesmo espaço como se fossem amigos...
Sobretudo, são duas pessoas que se conhecem mutuamente de olhos fechados e agem como dois estranhos!
Hoje, um deles sentiu-se como há muito não se sentira... Sozinho, confuso, indesejado, excluído e inseguro! Vazio, vazio e mais vazio!
Não sabe como se sente agora, mas sabe que o ama mais do ontem e menos do que amanhã... Mas só tem um remo... E um barco precisa que mais alguém reme.
Adivinha-se uma noite longa de insónias, a pensar quão estranho duas pessoas que se conhecem podem se estranhar tão profundamente!
Filipe Tiago Araújo, 17.10.2021