Como o tempo corre... Saudades de escrever, de dar voz à escrita.
O vento leva a vida pelas asas do tempo, conjugam-se... sinto-me mais velho e com, cada vez mais, vontade de escrever. De partilhar momentos com o escuro do quarto nas noites que foram frias, tristes e sós. Horas sem dormir, pensando no que sou, triste pelo que não consegui ser e lamentando o que poderia ter sido.
Noites de um escuro intenso onde a luz não é benvinda, no mais negro e profundo dos pensamentos em que a alma se solta do corpo e voa pelos caminhos que foram delineados mas, caminhos esses, nunca alcançados.
Pelo meio da viagem, as lágrimas... do que se viveu, com quem se viveu e sobretudo o que se poderia ter vivido. Triste vida a minha que descarrilou. Trocaram-se as linhas da minha carruagem, nasce-se perfeito, cresce-se imperfeito, vive-se lamentando-se.
O desânimo apodera-se do meu corpo, da minha mente e faz com que pare de lutar, derrubando-me violentamente numa vida, já dela, sem sentido. Obrigado a fazer o que não gosto, a viver o que não queria e preso pelas amarras da frustração.
Vida que não o é... e que, mesmo tendo que o ser, jamais terá significado algum.
Os anos passam a uma velocidade perigosa, as pessoas mudam, crescendo, outras envelhecendo e eu fico parado no tempo, à espera que tudo aconteça por pura magia, sem objetivos, ânimo, liberdade e amor.
Os que me viram crescer começam a abandonar os corpos e deixar a alma voar mais além e, os que vi crescer tornam-se homens seguindo as metas que traçaram à procura da felicidade plena. Aqueles que cresceram comigo hoje estão casados, já têm filhos e uma casa.
Sinto que o meu tempo passou... Vivo do vazio, no desalento e poucas são as "coisas" que realmente me fazem feliz. Vivo de momentos e não de um momento chamado vida... vou sendo feliz nas suas entrelinhas, ao meu jeito, ao sabor do vento e desapontando quem acreditou ou ainda acredita em mim.
Desejo um dia dormir profundamente, acordar num lugar onde sinta que o meu tempo chegou. Em que possa ter as asas da liberdade para poder voar pelos caminhos que um dia quis, sentir essa felicidade toda que um dia foi a espaços e poder amar quem sempre me amou. Por mais que as palavras sejam duras e cheias de impacto e sentimento, na verdade sonho um dia morrer! ... Não para fugir aos obstáculos que a vida me colocou no caminho, mas para me sentir bem, estável e em paz pois as noites sem dormir tornam-se dolorosas e os dias vão passando todos da mesma forma, igualmente vazios, sem uma meta, sem uma lógica. Refugiu-me entre quatro paredes onde o tempo parece parado e o mundo lá fora continua a girar. Que impotência! Até aqui a este momento pensei que, nesta guerra com a vida, ia ganhando algumas batalhas, mas afinal apercebo-me que fui vencido e que a vida me derrotou... perdi a guerra.
O lamento é triste mas é a mais pura da minha realidade. Sejam felizes!
Filipe Tiago Araújo, 20.03.2014
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