E tudo teve que terminar onde se iniciou... no nosso lugar, junto ao mar. Sem o brilho nos olhos de outros tempos, nos teus olhos.
Revivemos histórias e memórias no silêncio da noite. A mesma noite que nos acolheu no 1º dia, que nos abençoou ao primeiro toque das nossas bocas... suaves, tímidas e apaixonadas.
Esta vez foi muito diferente das outras vezes. Esta vez foi a vez da despedida daquilo que podia ter sido perfeito no meio de tanta imperfeição. Sem nenhuma palavra dita e no silêncio do vazio da "nossa casa", tocavam músicas que mexiam no teu profundo "Eu" e te fizeram chorar... mantive a minha postura forte, pensando tu, talvez, que fosse até frio, mas não! Não podia desmoronar na tua presença, embora - por dentro - estivesse em cacos, completamente destruído.
Tentei sempre dar-te um sorriso, de que tudo estava bem mesmo no meio da lama, mas na verdade nada poderia estar pior, ambos temos a perceção disso. Enquanto choravas "à vista desarmada", eu chorava por dentro... aguentar uma dor insuportável do coração e tentar sorrir para não te ver chorar, não é para todos.
Todo este desenrolar de situações é culpa minha, mas não só! É culpa daqueles que opinam mais do que aquilo que deveriam opinar. É culpa tua por não te ouvires a ti mesmo e por não teres força para enfrentar o "touro pelos cornos"... é culpa de todos mas quem fica a perder somos nós dois.
Na minha filosofia, os que se sentem sós acabam por querer arrastar os que estão felizes para a solidão a que lhes pertence, tentando - os sós - serem felizes pelo simples facto de já não estarem tão... sós! Tal coisa só é possível porque os manipuláveis são isso mesmo, manipuláveis... e umas frases dum suposto "abre-olhos" torna-se numa lavagem cerebral a quem tinha tudo para tornar os sós, cada vez mais sós.
Continuando a dar importância a quem a tem, a ti, quando senti o roncar do teu carro lá ao longe desfiz-me em pedaços, sendo agora um puzzle difícil de montar. O chão fugiu-me dos pés e o céu caiu-me em cima, talvez porque um mal nunca vem só.
Sei que um dia vais dar valor ao que perdeste, assim como eu dou ao que perdi... e então aí vais pedir-me as mais de 1000 desculpas por me teres deixado, assim como eu te pedi as mais de 1000 desculpas das vezes que falhei contigo.
Ontem, deixei-te ir com a consciência leve, fazendo-te acreditar que estava esclarecido quanto ao motivo da tua decisão em me deixares, mas só o fiz para poderes viajar em paz... porque a desculpa que me deste continua a não fazer sentido depois de tudo estar resolvido. Continuo a acreditar na forte hipótese de que - em como qualquer bom filme - existe um ator secundário que quer roubar o papel principal a quem está a brilhar e, já não é a primeira vez que acontece, lembre-se... amizades terminaram por menos. Cada um deve saber qual é o seu lugar e, por mais amigos que haja, uma relação vive-se a dois e não a três.
Continuo a amar-te, é certo... mas também sei que poderás amar outro homem e ele até poderá amar-te mais do que eu a ti, mas jamais o amarás como me amaste a mim.
Com amor,
Filipe Tiago Araújo
19.03.2015, 03:55h
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