sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Portuguêsmente sentindo...

Saudade, palavra inteiramente portuguesa... sem tradução possível para outras línguas.

Saudade, palavra de fado, palavra que define o estado de alma de cada português...

Saudade, que descreve o indescritível.
Saudade... será nostalgia? Será remorso? O que será?


Saudade, algo que não se vê, que não se apalpa mas que se sente.
Saudade, sente-se no coração, na alma, no invisível da mente...
Saudade, é o que sinto por ti e não consigo descrever!
Saudade, faz sofrer mas sabe tão bem.
Saudade, é quando fechas os olhos e voas nas histórias do tempo.
Saudade, quando apalpas o que já não palpável...
Saudade, quando falas com quem já não tens com quem falar.
Saudade, confunde-se facilmente com nostalgia no que toca ao amor... ERRADO!
Saudade não é pelo amor que se perdeu mas sim por alguém que partiu.
Saudade, palavra 100% portuguesa!
Saudade... mas que saudade...

Filipe Tiago Araújo, 7.11.2013

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Os melhores anos da minha vida


Na busca dum passado recente
Divago pelas memórias da minha mente.
Correndo nas entrelinhas do tempo
És tu e eu, somente.

Passeando por histórias que gostávamos de repetir
Histórias em que tu me fazias rir...
Estragadas pelas denúncias feitas pelo tempo
... um dia tive de partir.

Aguentei até onde deu
Amei-te e que mal correu!
Nas brisas desse tempo
Vejo que nada que era teu me pertenceu.
O amor morreu...

Rejuvenesci...
Levantei-me da lama e vivi!
Vivi o tempo perdido guardado em memórias antigas
E o quanto me ri!
Ri-me de te ver a rastejar a meus pés e mesmo assim segui...
Segui o caminho que nunca mais me fez parar por ti.

Hoje estou bem...
Já passou o cinzento dessa nuvem.
Nuvem do tempo que rios de lágrimas da cara me fez cair.
E hoje, para além de sorrir das emoções desse vaivém,
Pergunto-te se sabes quem eu sou? QUEM?

Amei, sofri, chorei e acabei por rir
Rir por te ver chorar e a regredir.
A idade já pesa e agora é o tempo quem dita o destino,
Desculpa, mas tive de partir...


Filipe Tiago Araújo, 31.07.2013 às 06:20h

sábado, 27 de abril de 2013

Memórias da tua história e história das tuas memórias


E lá passaram os dolorosos 3 meses...

O teu cadeirão continua vazio!
Poucos são aqueles que têm coragem de se sentar lá. A tua ausência é tão presente que ninguém ousa ocupar o teu espaço que, mesmo vazio vai continuando cheio... Cheio de boas memórias, de história, de gargalhadas, de lágrimas, de ti.
Embora a tua presença não seja física, todos te sentimos muito dentro de nós. Não me parece que algum dia consigamos ultrapassar a tua ausência, até porque isso seria abandonar-te, deixar-te esquecido, mas tu és muito mais importante do que qualquer bem material, do que qualquer matéria prima.
Ensinaste-nos a viver de forma honesta, honrosa, digna e com muita sabedoria... Partilhaste histórias, experiências, vivências e demos a volta ao mundo sem que nunca tivéssemos de sair da cadeira. Viajamos por Angola, Zaire e fomos até Timor pela tua voz alegre, saudosa e cativante. Conhecemos o mundo! Um mundo tão diferente desta realidade. Viajamos e vivemos as tuas histórias, como se lá tivéssemos estado, tal era o entusiasmo com que nos contavas cada momento da tua história.
Hoje resta-nos as memórias das tuas memórias. Deixaste-nos!
Continuo a não aceitar que te foste... porque sei que aguentavas cá ficar, mas deixaste-te ir e isso nunca te vou perdoar. Tinhas mais para nos dar, foste preguiçoso e deixaste-te levar.
Agora, o teu cadeirão tornou-se a cadeira de sonho de todos lá de casa. Fechamos os olhos e conseguimos sentir o teu cheiro, ouvir as tuas gargalhadas e as tuas histórias mas também conseguimos algo que nunca nos tinhas ensinado... voar!
Voar por memórias perdidas, memórias tuas que tantas vezes partilhaste. Deste-nos asas mas quem realmente voa e continua a ser um anjo, és tu!
Paz à tua alma!

Filipe Tiago Araújo, 27.04.2013

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Quase 3 meses depois...


Passaram quase três meses desde que me zanguei contigo por teres partido sem me deixares despedir de ti.
A ausência é tão grande que, mesmo chateado, vim-te ver passado este tempo. As saudades já apertavam e eu só estava a adiar o inevitável.
Já não me lembrava de "sujar" as mãos com a terra que costumo pisar, mas hoje para estar mais perto de ti, decidi colocar as mãos no solo e sentir, de novo, a tua pulsação. Embora estejas na escuridão profunda dessa terra, à noite brilhas com grande intensidade lá no alto dos céus... És o rei do universo, ou então apenas e só o rei do meu universo.
Quase não consigo ler o que escrevo, os olhos cegam-me das lágrimas que deito porque a emoção é forte e o meu ritmo cardíaco quase faz rebentar o meu coração do peito para fora.
Já matei as minhas saudades, mas ao escrever este texto só queria que visses como me tremem as mãos de nervoso e triste que estou pela tua avassaladora ausência... é que nem um "até já" te consegui dar e nem imaginas como isso me faz tão culpado e triste.
Preferi vir sozinho, ver-te. Sabia que as lágrimas não se iam conter e então resolvi nada dizer, fosse a quem fosse, para poder chorar sozinho e assim só tu saberás desta "lamechice".
Venho ver-te muitas mais vezes pois embora me tenhas abandonado, já o mesmo não farei contigo.
Carregava um peso enorme nas costas por não te ter vindo ver, mas agora sinto-me aliviado, com paz interior.
A vista que tens daqui não é nada parecida com o Gerês, mas tu também sempre foste muito citadino, por isso também não é problema para ti. O único senão é estares de costas voltadas para o Dragão, mas eu compreendo-te, pois também não vou "à bola" com o Vítor Pereira, mas deixa para lá, mais cedo ou mais tarde ele vai embora.
Bem, quem vai embora agora sou eu... já passa das 17 horas e isto não é vida.
Falamos noutro dia, agora descansa... em paz.

Filipe Tiago Araújo, 11.04.2013

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O voo de um Anjo


Alta vai a noite... é quase dia!
Alta vai a tua viagem, bem lá no cimo do céu muito para além das nuvens, muito para além do que se possa imaginar.
Gostava de fechar os olhos e voar contigo... havemos de fazê-lo um dia...
É estranho como te sinto tão presente no meio da imensidão da tua ausência. Partiste cedo, sei que tinhas muito mais para dar mas deixaste-te ir mesmo sabendo que nos colocarias, a todos, de luto... Egoísmo da tua parte!
Mas agora que penso, realmente os anjos são para estar no céu e depois duma longa estadia na Terra voltaste ao altar a onde pertences.
O Fábio, segundo sei, na hora da tua despedida estava destroçado... prestou-te uma bonita homenagem, dizem. Desculpa mas não pude estar presente... melhor, desculpa mas não quis estar presente. Como me posso despedir eu de alguém que sempre julguei eterno?! (o Carlitos disse-me o mesmo: "Sempre vi o avô como aquela pessoa que é sempre eterna!").
O tio surpreendeu-me bastante pela positiva, despediu-se de ti com a coragem necessária que ele muitas vezes não tem, sei que estás orgulhoso dele... eu também fiquei.
A tia, coitada... a tia sofre muito (como todos nós), viu-te bem de saúde aparentemente no dia em que deste entrada no hospital e o choque foi mesmo ver-te já ,dias mais tarde, num sono profundo. Vai custar-lhe a ultrapassar.
A mãe, a minha mãe quero eu dizer, sofre em silêncio... Mostra a mesma aparente dureza e frieza, mas não passa de fachada! Está em cacos... Quando está em tua casa torna-se muda, vagueia pelas memórias tão vossas e quase não se nota a presença dela nesses instantes.
A avó, bem... Deves imaginar como está a avó. Triste, desorientada, abalada, saudosa, e mesmo nos tendo a todos por perto sente-se desamparada e sozinha. O semblante é carregado, nota-se a léguas. Captei uma frase dela no meio de tanto sofrimento: "Foi o único homem que amei! Foram 47 anos!"... bonito de se ouvir o amor, não? Sentido, eu já tinha sentido agora ouvi-lo foi a primeira vez.
O Alexandre, o teu Chiribi, chorou imenso pela tua partida... eu cá sei que os vossos laços eram bastante fortes. Não foi por acaso que quando ele te viu a primeira vez na vida te "trepou" pelo colo acima assim do nada! As lágrimas dele foram a maneira mais terna mas ainda assim triste de dizer que te ama e que sente a tua falta.
Dos que são mais ligados a ti, falto eu exprimir o que sinto... Sinto falta de tudo, nunca pensei que fosse tão difícil uma situação assim! O beijo na testa em sinal de respeito pela tua figura e pelo que sempre significaste para todos, fica agora na testa da avó... é um legado. A tua cadeira de sonho e de sono agora mudou de sitio e eu já não me consigo sentar onde me costuma sentar, a teu lado... porque agora tu não estás. Não faltará muito para que façamos a nossa viagem a Timor tal como te prometi, não sei porque o digo, mas a verdade é que o sinto. Faremos essa viagem voando.
Prometo visitar-te um dia, mas não me peças para ser em breve... Talvez daqui a um ano quando realmente sentir que o natal foi vazio e que todas as datas festivas já não têm o colorido de outros tempos a não ser o cinza agora. Aí sim, faço questão de te visitar semanalmente para não dizeres como me dizias quando faltava à "convocatória" aos domingos ao almoço... eram 16h e pico da tarde e eu chegava a casa e tu dizias: "então, vens almoçar agora, não é?", com aquele sorriso da rebeldia que te recordava o passado.
Pronto avô, creio que é tudo por agora... Continua a voar bem alto, sempre mais alto do que os outros todos. Tornaste-te no rei dos céus e mesmo nas noites de maior neblina és a estrela que mais brilha e aquece o meu coração.
Com saudade... Amo-te!

Filipe Tiago Araújo, 06.02.2013  05h24min